Na Semana de Arte Moderna – a Semana de 22 -, a cachaça foi escolhida como a bebida oficial por representar a identidade e cultura brasileira. Numa correspondência, Mário de Andrade escreveu a Tarsila do Amaral: “Quando me deixam no meu quarto chupito um golinho daquela abrideira gostosa que você me deu e de que eu economizo os últimos restinhos. Eta, abrideira encantada! Me abre a vaidade da ilusão e sinto vocês todos pertinho de mim. Pois então eu converso com vocês”.
Cem anos se passaram e, enfim, a bebida brasileira ganha um copo à sua altura, pensado estrategicamente para exaltar a grandeza do destilado nacional. E valorizar suas características. Produzido pela Vista Alegre (centenária marca portuguesa de porcelana de luxo) em cristal (para ver sua pureza), com características recomendadas por especialistas, o copo da cachaça chega ao mercado brasileiro essa semana, todo feito artesanalmente, no sopro e traz ainda um toque pra lá de especial: uma pincelada de ouro de 24 quilates para iluminar o seu conteúdo. Um luxo!
Por que isso importa? Todas as bebidas do mundo têm o seu copo. Pensado e criado para valorizá-la. Tequila tem, por exemplo. Vodca, rum, uísque, champagne, vinhos… Por que a cachaça não tem? Não tinha. O bebida brasileira, que hoje esbanja rótulos que podem custar R$ 5 mil a garrafa, merece. Em se tratando de cachaça, todo detalhe importa. O fundo do copo é mais grosso, para não esquentar na mão.
A ideia surgiu na Academia da Cachaça – restaurante carioca onde a carta reúne mais de 200 rótulos separados por estado -, por um grupo de especialistas, produtores, distribuidores, criadores de conteúdo social e técnico sobre a bebida, além de um master blender, responsável pela formação e qualificação de mais de 3.000 profissionais da indústria da cachaça.
O lançamento será dia 18/10, em São Paulo, e 25/10, no Rio. Quem assina o copo é o designer português Hugo Amado, para muitos, o vidreiro, uma profissão do século XVII. Quanto privilégio.
A cachaça gera mais de 600 mil postos de trabalho no Brasil, é o terceiro destilado mais consumido no mundo, atrás do baijiu (chinês) e da vodca.
O novo copo chega ao Brasil em kits com duas unidades, mas é preciso desembolsar R$ 1,2 mil. Uma versão em vidro (bem mais em conta) já está sendo desenvolvida.
Foi graças às embarcações portuguesas que, no século XVI, as primeiras mudas de cana-de-açúcar vieram da Ásia para o Brasil. Daí em diante, o produto ganhou corpo e forma em solo brasileiro, desembocando na bebida que o mundo inteiro conhece, aprecia e admira.
Mais um salto na História do Brasil, a cachaça virou nome de insurgência: a Revolta da Cachaça, também conhecida como Revolta do Barbalho ou Bernarda, motivada pelo aumento de impostos cobrados em cima da cachaça entre o final de 1660 e o início de 1661, no Brasil Colônia. Em 1661, a Coroa Portuguesa resolveu perdoar todos os envolvidos na revolta e passou a considerar o protesto legítimo. Além disso, o governo lusitano liberou a fabricação da cachaça no país.
Cachaça só é feita com cana-de-açúcar e recebe esse nome apenas se for produzida no Brasil. Se tiver origem em outro país, é chamada “aguardente de cana”.
Salinas, no Sul de Minas, é a que mais se destaca com 16 cachaçarias. Em 2018, a cidade foi escolhida como a Capital Nacional da Cachaça, e com o selo de Indicação Geográfica, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, pelo Governo Federal.
A Cachaça, segunda bebida alcóolica mais querida pelos brasileiros, atrás apenas da cerveja, vem conquistando também cada vez mais os consumidores de todo o mundo. As exportações do setor alcançaram mais de US$ 20 milhões em 2022, um crescimento de 52,38% comparado a 2021, segundo dados do Comex Stat (Ministério da Economia), compilados pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). Em volume, o aumento foi de 29,03%, totalizando mais de 9,3 milhões de litros.
No ano passado, a bebida foi exportada para mais de 75 países, sendo que os principais foram: EUA, Alemanha, Portugal, França e Itália.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a cachaça é a primeira bebida destilada mais consumida no Brasil e a terceira no mundo, atrás do baijiu (chinês) e da vodca. Apenas de 1% a 2% da produção nacional são exportados. Os maiores produtores de cachaça por aqui são: São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba. A bendita gera mais de 600 mil postos de trabalho em nosso país. Motivos de sobra para copo de cristal, com ouro e o que mais quiserem inventar para valorizar o destilado mais brasileiro de todos.
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